As histórias contadas e vividas não causam medo,
não causam assombro, guardamos apenas boas e más lembranças, as vezes resolvemos
até nutrir saudades, mas... o caminho trilhado, o futuro que não se sabe ao
certo mas vive sendo planejado, a incerteza do saber se certo ou errado,
sucesso ou fracasso, vida ou morte, amar ou ser esquecido, ter ou ser, esses
são alguns dos capítulos da próxima história... mesmo assim tenho minhas dúvidas,
considero questionáveis as possibilidades de produção do medo diante desses cenários.
Mas e o agora? Nele é sempre agitado, o agora é sempre uma possibilidade
produtiva ou desastrosa, é um planejamento singular, fugindo do que passou,
tentando acertar no que ainda não se sabe como será, é o abismo entre ontem e o
amanhã, o que estou fazendo agora? Onde estão as minhas mãos? Onde está meu
pensamento? Onde estão os meus pés? Perto de onde e longe de que? O que está
sendo produzido dentro do meu coração? É aqui e agora que vejo tudo, que monto
tudo e me desmonto todo, que me deparo com a montanha que me desafia em
escalar, me deparo com o muro que me diz que consegue me separar, que me deparo
com uma mão em meu peito tentando me segurar, não me deixa levantar, não me deixa
caminhar, o agora é aterrorizante! Quando olho para os passos que me levam em círculos
e estacionam no mesmo lugar, o coração bate, o sangue aquece, a raiva entra sem
pedir licença aos meus olhos, dissolve minha coragem, minhas ideias,
criatividade estilhaçadas como o melhor e mais fino cristal, desespero
agonizante, sufocante, uma dor no peito aprisionada para não gritar. Os
desafios estão postos na mesa, diante dos meus olhos e do meu nariz, sinto o
cheiro da desistência, da dormência, por mais alguns minutos sinto-me preso na impotência,
estou preso? Fui capturado, amordaçado com o arame farpado da minha própria consciência,
certeza irrelevante de um anseio produzido pela impaciência. O medo também
produz a paralisia, a idiotice, a babaquice, a ausência de fé, a tolice de que
apenas mais um dia parece ser maior que a eternidade. Estagnar é pior do que se
decepcionar com o que foi feito e fracassou, as alternativas de sucesso não
estão no agora, mas sim dentro do seu trabalho árduo, da coragem de acessar na
reverberação continua do futuro, de trilhar o caminho escuro (a fé é isso), a
vó da menina já dizia “Coloca o medo debaixo do braço e siga”. Viver é o risco,
a vida é o perigo, parar é o acidente incapacitante, prevenção é não desistir,
saber que não posso ter medo de saber que sinto medo, saber o gosto do não, mas
não porque você é incapaz, mas... só e somente só agora... que você consegue
produzir o amanhã através de sua fé.
Paz e Rock and Roll