27/04/2017

A MINHA VIDA E A PRANCHA DE SURF








Quando era adolescente costumava colecionar revista de surf, hoje nem sei se ainda continua sendo publicada, até mesmo porque isso já faz um tempinho, foi na minha fase I. Mas voltando a minha coleção de revistas de surf (risos), eu achava o máximo todas aquelas fotos com tanta riqueza de detalhes, as fotos eram perfeitas, você conseguia ver os pingos d´agua saltando em direção aos surfistas, que eram os grandes protagonistas daquelas histórias que são contadas nas matérias e que eu começava a mergulhar de forma muito louca nas aventuras aquáticas, lembro também de colar pôsteres de surfistas nas paredes do meu quarto, de recortar algumas fotos das revistas e fazer colagens para formar mosaicos, era muito bom, meu quarto parecia que era um pedaço da praia e daquela ação toda, mas o mais engraçado disso tudo é que eu não morava perto do mar e consequentemente nunca aprendi a surfar, mas ainda hoje me pego pensando como eu seria se tivesse encontrado com o mar e tivesse aprendido a me relacionar com ele e uma prancha de surf? Claro que sempre gasto um pouco de meu tempo pensando nessas possíveis histórias de vida e fico tentando tirar algum proveito disso pra compor meu processo criativo, formular algumas ideias ou até mesmo contextualizar o meu jeito de ser.
Esses dias eu ouvir um pequeno trecho da história de um casal muito louco, ele surfista e ela dançarina, claro que ao ouvir o surfista falar, me remeteu imediatamente a minha fase I, e pensei “poxa, olha eu ali, se tivesse levado mais a sério minha adolescência apaixonado pelo surf”, mas o mais legal mesmo foi ouvir o choque de ideias deles, principalmente por causa do surf, e ao mesmo tempo como eles são amigos, parceiros e cúmplices. Então comecei a me perguntar, como podem ser tão diferentes e estar tão ligados? Como podem ter divergências e fazer questão de sempre estar juntos? Como podem olhar para lugares diferentes (prancha de surf e uma sapatilha) e ter certeza que vão chegar no mesmo lugar?


A vida não está fadada a ser monocromática, a ter apenas uma regra soberana, a ter uma única alternativa. A possibilidade de relação entre as pessoas nos direciona a entender a pluralidade que é nosso convívio com o outro, digo isso no mais amplo aspecto das relações interpessoais. Existe um trecho na bíblia e nos diz que, nossos diálogos devem ter um tipo de tempero, de sabor agradável e que eles nunca devem ser uma estratégia para derrotar o outro. É sábio nunca querer ter razão, mas sempre querer a felicidade do outro, somos dotados de uma imensa capacidade de marcar positivamente ou manchar negativamente a vida de uma pessoa, mas pensando nas palavras sábias de Jesus Cristo, aprendemos que devemos amar o outro de igual forma como queremos ser amados. É extremamente complexo pensar nessa equação de amor,  as vezes até imaginamos não haver solução, mas... é hora de subir na prancha e mesmo calçado em sapatilhas, as vezes desconfortáveis, viajarmos para o horizonte comum. As nossas diferenças podem até ser um abismo, mas a vontade de fazer o outro feliz sempre será uma ponte que nos manterá ligados. 




Forma que montei pra encarar a vida passando: Fase I: 0 a 39 anos, Fase II: 40 a 79 anos e Fase III: 80 a 129 anos.



Pax e Rock and Roll

20/04/2017

A RESPONSABILIDADE É SUA !!!






Assumimos diariamente a responsabilidade de remodelar as histórias das pessoas que estão ao nosso lado, ou será que somos nós que estamos ao lado delas? Bem, não importa, importa o meu grau de responsabilidade na interferência da história da outra pessoa; mesmo que ela seja, aquela pessoa que consideramos como um desses invisíveis que estão espalhados, semeados, pulverizados em nossa caminhada diária. Como dizia Freud: Qual a sua responsabilidade na desordem pela qual você se queixa? Acredite, estou levando muito a sério quando digo que temos grandes responsabilidades sobre a história do outro. Faça uma pausa rápida nessa leitura e tente imaginar quanta gente você já conheceu, quanta gente você já abraçou, pra quanta gente você já olhou e disse “Uau, quanta saudade! ”, “Te amo muito”, “Conte comigo, você é meu amigo (a) e sempre estarei por perto” ou mesmo “nunca vou te abandonar” e todas essas frases típicas e recheadas de efeitos, que as vezes parecem mais com um punhado de chiclete que compramos na mercearia da esquina e distribuímos sem nos importar com a qualidade do mesmo. Pense um pouco agora, qual será o efeito causado no ouvido; no coração ou na alma de quem recebe um desses chicletes? Escrever sobre isso me fez lembrar de uma canção do grande ícone do Soul brasileiro, Tim Maia, que tem por título Azul da cor do mar, quando ele diz em uma de suas celebres frases o seguinte: Ver na vida algum motivo para sonhar. A intenção não é fazer algum tipo de análise do texto e contexto da canção, nem interferir na liberdade poética do Tim, mas, estou pensando em uma aplicação prática. Será que estou preocupado com os sonhos das pessoas? Será que penso se estou ou não interferindo, podando ou mesmo matando o sonho de alguém, pelo simples fato egoísta da busca pela conquista dos meus sonhos, dos meus anseios? Como é bom compartilhar tempo com as pessoas, como é bom contribuir com a felicidade do outro e o mais fantástico é saber que posso servir de ponte para ligar um alguém, do estado em que ela se encontra ao êxito; a felicidade ou a conquista que ela tanto sonha. Isso também me faz lembrar uma história que está na bíblia, onde dois caras (apóstolos) estão chegando a uma igreja e encontra um outro cara, com um tipo de deficiência física, pedindo dinheiro (esmola), mas aqueles dois caras disseram que não teriam nenhuma grana, mas o que eles tinham, eles iriam dar, então a história conta que eles disseram à aquele cara para levantar e andar e assim aconteceu. Não quero aqui discutir nenhum tipo de religião, se você acredita em milagres, na bíblia ou coisas desse tipo, quero falar sobre a disponibilidade daqueles caras em atender uma pessoa que era constantemente ignorada, a disponibilidade em observar o que realmente faria aquela pessoa feliz e se posicionar como um alguém que tem interesse em se responsabilizar pela felicidade do outro. Você já pensou em todas as vezes que você alterou a vida, o roteiro, o formato do pensamento de um outro alguém? Você já pensou o quanto você interferiu no curso da história de um outro alguém?  Será que você pode sorrir ou precisa pedir desculpas?



Pax e Rock and Roll 

13/04/2017

FASE II







Começar de novo; zerar tudo; tudo mais difícil! Diário novo de coisas velhas, historias empoeirada na estante da memória, que já precisa ser formatada para me recriar. Impacto no corpo diferente, estilhaçado da caminhada, acertos e erros, culpas e decisões; em um instante caminhando pelo deserto, que durou 40 anos, mas sempre protegido, refugiado na sombra e na luz; agora já em outro lugar, outras estradas, outras pessoas, o fato essencial da existência é a fé! Vejo tudo passando; passado; presente; formando o futuro, as marcas profundas de uma fase tão rápida que nem deixou tempo para preparar-me para próxima; mas já estou nela! Fase II é o emaranhado das imagens, misturadas com os sentimentos, acrescido das lembranças e sabores, adicionado a sobriedade adquirida na longa caminhada. Mas quando sentir o cansaço devo lembrar da imensa lista de hostilidade que já enfrentei e sobrevivi, desfibrilar o coração e injetar adrenalina na alma, buscando uma disciplina divina, mesmo sabendo que a disciplina nunca é divertida quando está sendo aplicada. Caminhar; desfazer o nó que me sufoca; matar só mais um leão; pegar a próxima lotação; vou me entregar, vou confiar!? Os diálogos com a vida são loucos, me parecem meio desconexos, estranhos, mas são para serem aproveitados, nunca para derrotar o outro, tudo isso só começou, pedaços de vida espalhado por todos os lados, uma nova casa por arrumar no meio de um verdadeiro caos organizado, que perfura meus pensamentos que já passou e não lembro mais, agora você não consegue entender nada, mas não precisa compreender, apenas gaste seu tempo em viver, pois a janela se abre e o sol começa a entrar e no instante seguinte ele já se foi e com ele mais um dia que esconde a dor, exposta pelo amor, até onde vou? Até onde for, por onde for! *Finalizar algo é melhor que começar, ter paciência é melhor que se afobar e meter os pés pelas mãos, não perca a cabeça, a raiva é a marca registrada dos insensatos. Agora é hora de parar de chorar lembrando do passado, pois nenhum sábio faria isso.


Paz e Rock and Roll


Fase II é o nome que dei a fase de vida iniciada aos 40 anos, fase I de 0 a 39 anos e a III dos 80 os 119 anos.
*texto bíblico Eclesiastes 7:8 a 10 Biblia A Mensagem 

06/02/2017

COMO CONTINUAR?






Na estante alguns livros velhos, empoeirados, marcados com as impressões de todas as mãos que os tocou, carregou na mochila, debaixo do braço, na mão, no colo, no carro e que marca o coração, o branco de suas contracapas todo rabiscado; mas dentro deles? Uma infinita história de ousadia, ternura, aventura, as vezes dissabores, mas sempre recheada de superação, exemplos dos mais diversos para todas as idades, gêneros e cor, uma história escrita por escrever várias histórias de quem teve o privilégio de permitir entregar-lhes páginas em branco. Ao folhear as páginas da vida entendemos que a sabedoria é algo que não é construído pelo querer ou pelo simples fato de se considerar o mais adequado, mas é algo que é constituído pela coragem da submissão e humildade. Abrir o livro e ver a vida passando, ver o amor, a luta, a satisfação, carinho, dedicação e tudo mais que os olhos insistem em não querer parar de enxergar, mas na vida existem acidentes que não entendemos mas precisamos acreditar, e agora o que não estamos vendo é preciso esperar. Os olhos mergulham em uma solução salgada levemente adocicada, com a certeza de que o que temos agora é apenas as dúvidas, as indagações, das mais simples às mais alarmantes, do tipo “ Como continuar? ” Pois tudo muda, é como comprar o tênis para correr e faltar a pista; é estar pronto para dançar e não ter música para embalar o corpo que treme totalmente gélido no meio do deserto de sol escaldante, mas como no passado, não tão distante, estou sentado, o vento sopra, a caneta desliza e registra a história que fica, mas se a vida continua, a vida passa e a história é que fica. Um legado de bondade, traços de uma caminhada sem precedentes, gestos surpreendentes, sorrisos que flui e logo se reserva por detrás dos dentes. A vida é uma jornada que deve ser empreendida com profunda consciência, sensatez e fluidez, é preciso saber escrever nas páginas em branco da vida, boas histórias, aprender com os erros, aproveitar o sabor da boa companhia, valorizar os momentos e as pessoas especiais que passam por nossas vidas... escrever a história ideal para caminhar rumo ao eterno final feliz.




Paz e Rock and Roll


Esse texto é apenas uma tentativa de dar voz às palavras que não conseguem ecoar. Texto dedicado à memoria dos Prs. Edélsio e Edna Correia; a seus filhos Ana Léia, Junior, Mekinho, Daniele e Marília; a seus netos Ana Luíza, Rafael e Edélsio Luiz.