Quando era adolescente
costumava colecionar revista de surf, hoje nem sei se ainda continua sendo
publicada, até mesmo porque isso já faz um tempinho, foi na minha fase I. Mas
voltando a minha coleção de revistas de surf (risos), eu achava o máximo todas aquelas
fotos com tanta riqueza de detalhes, as fotos eram perfeitas, você conseguia
ver os pingos d´agua saltando em direção aos surfistas, que eram os grandes protagonistas daquelas histórias que são contadas nas matérias e que eu
começava a mergulhar de forma muito louca nas aventuras aquáticas, lembro
também de colar pôsteres de surfistas nas paredes do meu quarto, de recortar
algumas fotos das revistas e fazer colagens para formar mosaicos, era muito bom, meu quarto
parecia que era um pedaço da praia e daquela ação toda, mas o mais engraçado
disso tudo é que eu não morava perto do mar e consequentemente nunca aprendi a
surfar, mas ainda hoje me pego pensando como eu seria se tivesse encontrado com o
mar e tivesse aprendido a me relacionar com ele e uma prancha de surf? Claro
que sempre gasto um pouco de meu tempo pensando nessas possíveis histórias de
vida e fico tentando tirar algum proveito disso pra compor meu processo
criativo, formular algumas ideias ou até mesmo contextualizar o meu jeito de
ser.
Esses dias eu ouvir um pequeno trecho da história de um casal muito louco, ele surfista e ela dançarina, claro
que ao ouvir o surfista falar, me remeteu imediatamente a minha fase I, e
pensei “poxa, olha eu ali, se tivesse levado mais a sério minha adolescência
apaixonado pelo surf”, mas o mais legal mesmo foi ouvir o choque de ideias
deles, principalmente por causa do surf, e ao mesmo tempo como eles são amigos,
parceiros e cúmplices. Então comecei a me perguntar, como podem ser tão
diferentes e estar tão ligados? Como podem ter divergências e fazer questão
de sempre estar juntos? Como podem olhar para lugares diferentes (prancha
de surf e uma sapatilha) e ter certeza que vão chegar no mesmo lugar?
A vida não está fadada a ser monocromática, a ter apenas uma regra soberana, a ter uma única alternativa. A
possibilidade de relação entre as pessoas nos direciona a entender a pluralidade
que é nosso convívio com o outro, digo isso no mais amplo aspecto das relações interpessoais.
Existe um trecho na bíblia e nos diz que, nossos diálogos devem ter um tipo de tempero, de sabor agradável e que eles nunca devem ser uma estratégia para derrotar o outro. É sábio nunca querer ter razão, mas sempre querer a
felicidade do outro, somos dotados de uma imensa capacidade de marcar positivamente
ou manchar negativamente a vida de uma pessoa, mas pensando nas palavras sábias
de Jesus Cristo, aprendemos que devemos amar o outro de igual forma como
queremos ser amados. É extremamente complexo pensar nessa equação de amor, as
vezes até imaginamos não haver solução, mas... é hora de subir na prancha e mesmo
calçado em sapatilhas, as vezes desconfortáveis, viajarmos para o horizonte comum. As nossas diferenças podem até ser um abismo, mas a vontade de fazer o outro feliz sempre será uma ponte que nos manterá ligados.
Forma que montei pra encarar a vida passando: Fase I: 0 a 39 anos, Fase II: 40 a 79 anos e Fase III: 80 a 129 anos.
Pax e Rock and Roll
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