10/11/2016

ENGENHARIA KIDS




Enquanto observava a *filhinha de uma amiga que brincava sozinha e viajava no seu mundo de construções criativas, resolvi oferecer-lhe alguns brinquedos para incrementar sua diversão, o brinquedo tinha uma estrutura de montagem para um formato “limitado”. Enquanto eu a observava  tentando fazer a montagem, entendi que ela não conseguia enxergar o modelo único para o qual o brinquedo estava projetado. Subestimando sua capacidade de visão de mundo, resolvi oferecer uma ajudinha, montamos juntos e quando finalizamos ela olhou pra mim e disse: Agora vou montar uma coisinha; voltei então a observar seu processo criativo. Por fim ela fez uma montagem totalmente estranha e com um formato simplesmente longe do que seria o destinado para aquele brinquedo (que por sinal tinha seu formato original  sem graça e também pouco divertido). Na sequência ela foi apanhar dois de seus bonecos e os colocou para dormir, olhou pra mim e disse: Agora pronto! Daí entendi que aquela montagem, bem estranha, tratava-se de uma cama e que atendia a uma necessidade dos seus bonecos (na cabecinha dela, eles precisavam dormir), comecei a expandir meu raciocínio e vi que sua criação era bem mais divertida do que a minha, era mais abrangente que a minha, não era egoísta como a minha (minha montagem só atendia a quem estava montando; a dela atendia a quem montava e a outra pessoa, nesse caso, os seus bonecos que precisavam dormir) e me lembrei do que um dia falou Jesus: Deixai vir a mim as crianças, pois delas são o reino dos céus! A capacidade criativa e de autoentretenimento de uma criança é algo simplesmente incrível; a capacidade de inovar e reinventar é digna de um prêmio de empreendedorismo, elas conseguem oferecer uma aula de alto nível, beleza e complexidade a qualquer tipo de empreendedor. São especialistas em enxergar possibilidades simples para os questionamentos mais complexos expostos ao seus olhos e mente, além da habilidade de não desistir, de criar novos caminhos para alcançar seus objetivos e de convencer os seus colaboradores (pais, tios, avós, etc) a embarcarem nas suas ideias. Definitivamente as crianças são extremamente versáteis, se viram com o que têm e nunca deixam de se divertir com suas ideias, choram, gritam, berram quando não dá certo, mas nos próximos minutos limpam as lágrimas e já estão prontas para arquitetar as próximas possibilidades. Comecei a pensar que, na maioria das vezes, queremos criar, apresentar ou oferecer soluções ou respostas que consideramos inovadoras, mas ao nos depararmos com um processo de alta exigência criativa, já buscamos nos refugiar em regras e caminhos simplistas existentes, ao ponto de perguntamos: Será que ele(a) não está vendo que é por esse caminho que deve trilhar? Queremos tanto a novidade, mas somos imensamente capazes de bloquear essa criatividade livre com moldes engessados e corremos o risco de transformar as próximas gerações em meros repetidores, um eco de alta frequência, de mais do mesmo. A frase “as crianças são o futuro da nação” nunca se concretiza, porque nos interessamos mais em formar uma geração de reflexos repetidos do que permitir que as alternativas livres da mente criativa das nossas crianças ganhem formas eficientes e solucionadoras.


Texto dedicado a amiguinha *Liz 


Paz e Alegria!!!



Um comentário:

  1. 😍😍Amei amei...
    Não só pq fala da princesa da tia, mas vc conseguiu colocar de forma maravilhosa,o raciocínio de uma criança!!

    ResponderExcluir