Enquanto observava a *filhinha
de uma amiga que brincava sozinha e viajava no seu mundo de construções
criativas, resolvi oferecer-lhe alguns brinquedos para incrementar sua
diversão, o brinquedo tinha uma estrutura de montagem para um formato
“limitado”. Enquanto eu a observava tentando fazer a montagem, entendi que ela não
conseguia enxergar o modelo único para o qual o brinquedo estava projetado. Subestimando
sua capacidade de visão de mundo, resolvi oferecer uma ajudinha, montamos juntos
e quando finalizamos ela olhou pra mim e disse: Agora vou montar uma coisinha; voltei
então a observar seu processo criativo. Por fim ela fez uma montagem totalmente
estranha e com um formato simplesmente longe do que seria o destinado para
aquele brinquedo (que por sinal tinha seu formato original sem graça e também pouco divertido). Na sequência
ela foi apanhar dois de seus bonecos e os colocou para dormir, olhou pra mim e
disse: Agora pronto! Daí entendi que aquela montagem, bem estranha, tratava-se
de uma cama e que atendia a uma necessidade dos seus bonecos (na cabecinha
dela, eles precisavam dormir), comecei a expandir meu raciocínio e vi que sua
criação era bem mais divertida do que a minha, era mais abrangente que a minha,
não era egoísta como a minha (minha montagem só atendia a quem estava montando;
a dela atendia a quem montava e a outra pessoa, nesse caso, os seus bonecos que
precisavam dormir) e me lembrei do que um dia falou Jesus: Deixai vir a mim as
crianças, pois delas são o reino dos céus! A capacidade criativa e de autoentretenimento
de uma criança é algo simplesmente incrível; a capacidade de inovar e
reinventar é digna de um prêmio de empreendedorismo, elas conseguem oferecer
uma aula de alto nível, beleza e complexidade a qualquer tipo de empreendedor. São
especialistas em enxergar possibilidades simples para os questionamentos mais
complexos expostos ao seus olhos e mente, além da habilidade de não desistir,
de criar novos caminhos para alcançar seus objetivos e de convencer os seus
colaboradores (pais, tios, avós, etc) a embarcarem nas suas ideias. Definitivamente
as crianças são extremamente versáteis, se viram com o que têm e nunca deixam
de se divertir com suas ideias, choram, gritam, berram quando não dá certo, mas
nos próximos minutos limpam as lágrimas e já estão prontas para arquitetar as próximas
possibilidades. Comecei a pensar que, na maioria das vezes, queremos criar,
apresentar ou oferecer soluções ou respostas que consideramos inovadoras, mas ao
nos depararmos com um processo de alta exigência criativa, já buscamos nos
refugiar em regras e caminhos simplistas existentes, ao ponto de perguntamos:
Será que ele(a) não está vendo que é por esse caminho que deve trilhar? Queremos
tanto a novidade, mas somos imensamente capazes de bloquear essa criatividade
livre com moldes engessados e corremos o risco de transformar as próximas
gerações em meros repetidores, um eco de alta frequência, de mais do mesmo. A
frase “as crianças são o futuro da nação” nunca se concretiza, porque nos
interessamos mais em formar uma geração de reflexos repetidos do que permitir
que as alternativas livres da mente criativa das nossas crianças ganhem formas
eficientes e solucionadoras.
Paz e Alegria!!!
😍😍Amei amei...
ResponderExcluirNão só pq fala da princesa da tia, mas vc conseguiu colocar de forma maravilhosa,o raciocínio de uma criança!!