Sonoridade televisiva, espetáculo
para pupilas dilatadas, cérebros adestrados com ablepsia, aprendendo mais uma
dancinha “bundinha pra lá bundão pra cá”; já é quase hora do jantar, os regentes
políticos estão nas ruas, nas casas, estão no ar, o som nas ruas, o som da rua,
olhares espertos, beijos, abraços, o encontro marcado com a velha traição, comercial político
já é tradição, Brasil pátria amada idolatrada, você dançou e já é quase hora de
mais uma vez dançar, escolher, gritar, sujar, reclamar e votar, em meio a tanta
discussão ainda estou aguardando o tempo passar pra chegar o futuro da nação, mas
sempre tem um recomeço, mas quando chegar o amanhã? Não precisa lembrar; o
tempo é meu professor, o melhor professor não custa nada aos cofres públicos, custa
apenas minha vida, que a cada minuto que passa diminui, agora já é hora de encontrar
meu “amigo” de sempre, com sua mão estendida me convidando a dançar sua valsa embalada
de prejuízos “Meu povo querido, se eleito for...” mas o que me resta? Preocupar,
pra quê? Com o quê? Vamos, dance, só mais uma vez, mas não se canse, não precisa
descobrir que nas mãos deles você é simplesmente a bola da vez. Vamos, dance,
não se canse, dance e lembre o que você é nesse cenário colapsado, o país funciona quando meu cérebro funciona, então
pense o que você é dessa vez: plateia, bilheteiro ou palhaço? Já está
quase na hora da nossa novela sagrada de cada dia. Quem fica? Quem sai? Quem
não é visto? Quem é caçado? Quem é libertado? Delação premiada, uma justa
corrupção, facilitar pra quem tem o que pagar, nada mais coerente, não é? Já está
na hora de pensar, debaixo de tanto destroço chamado tão glamourosamente de
crise energética, social, financeira, ambiental, caráter na lama, coisa e tal; enquanto
isso, nas ruas ainda tem som alto e muita bunda pra rebolar, a festa ainda não
acabou, do outro lado da cortina tem carnaval, a mesa tá lá na copa, do mundo,
vamos festejar ao brilho da cor de nossas medalhas de bronze, de prata, de ouro,
mesmo depois de tanta dor, vamos lá, dance, só mais uma vez, espero que você canse,
acorde desse transe. A corrupção não está em um partido, está na vontade de me
dar bem, corrupção é um mal social, mas *nem tudo está perdido, nem todos estão
sem fé, a esperança não nos abandonou!
- Esse texto homenageia minha amiga e jornalista política Gleice Queiroz, sergipana determinada, que dedica uma parcela de seu tempo de vida analisando de forma competente nosso cenário político, além de ser uma das pessoas que ainda tem fé em um Brasil melhor.
*Trecho da música “Assuma o
controle” do rapper Pregador Luo
-Texto inspirado nas minhas audições do disco “O passo do colapso” de Dado Villa-Lobos
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