O medo, a violência, a
intolerância e a arrogância "atropelaram" a humanidade; cada dia mais um pouco de
muito mais ódio, perfurando friamente o coração desaquecido, a cada minuto é
mais interessante eliminar o que está na minha frente, o que a mim resiste, o que
a mim contradiz, faz como eu mando? E se não fizer? Bomba! Meu oponente, outro ser
humano, meu próximo, minha pedra no sapato, pobre miserável, sujo e nu como eu
sou, violento, totalmente agressivo como eu sou, estrategista, inteligente, gênio
como eu sou. Não existe mais distância, continentes, fronteiras, barreiras,
leis... respeito pra quê? Se não crer como eu, não é devoto como eu, é uma doença
que precisa ser extirpada, mas quem merece? Religiosos, políticos, honestos,
gays, trabalhadores, crianças, contraventores, estudantes, delinquentes? Não,
claro que não penso como meu opositor, só acho que antes dele me matar, não é
correto, certo, sagrado, justo que eu o mate? Não posso morrer por um ataque de
um desajustado, preciso só me defender, nas ruas não dá mais pra caminhar, na
praça sentar, não há mais música, arte, gratidão, elegância, educação e vontade
de ver o outro vencer. Para surgir meu espaço alguém tem que morrer, estou
vivo, *cada dia vivido é um dia roubado das mãos da morte. Posso me esconder
atrás de um teclado e um monitor. Pronto! Não sinto mais ninguém, não vejo mais
seus olhos olhando nos meus, de longe olho pessoas que caminham de um lado
para o outro, caminham tranquilos, caminham com pressa, caminham na rua,
caminhão na rua, caminhão que mata, um caminhão de terror, no próximo minuto
oitenta desgraças expelindo seus cheiros pra todo canto, pra todo mundo, por
toda a rede, por todo meio, na escola é recreio, crianças a mercê da mira
infravermelha de uma sociedade podre, desajustada, com valores invertidos. O
que me resta? O que nos resta? Estudar
para que? O que fazer? Rezar, orar, chorar? As barreiras se rompem, minha vida
some, estou debaixo da lama, queria só um pouco d´agua, aquela que você não foi
capaz de me dar, mas tudo bem, talvez você estivesse ocupado (a) com Mariana, ao final o
amor da torcida inflamada vai esfriar, enquanto isso, do seu confortável sofá, ver
pular de dentro da "caixa", agora também smart 4K, o conto derrotista que se espalha
em toda sua casa, invade seus ouvidos, acelera seu coração “ ô louco meu! ” Já estava com "saudade" da hipocrisia alarmante da nossa inércia que
garante a nossa segurança longe de um ataque sangrento, nojento , violento. Brasileiros,
franceses, noruegueses, libaneses, iraquianos, americanos, colombianos, todos
são gente, todos são humanos, eu sei, claro que sei, mas invade a minha alma
sem pedir licença, sinto calafrios, fico trêmulo, os olhos parecem querer
saltar do meu corpo a garganta fica seca, Me Escondo Do Outro, já disse, eu sei
que é gente, que é humano, mas não posso negar que me dá medo.
*Citação de Clarisse Lispector
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