28/06/2018

PRECISO MORRER





O que pode nos separar, oferecer a ausência através de uma perspectiva imediatista e totalmente egoísta? Imagino que a morte, vejo a morte como um intervalo que mais parece uma eternidade, mesmo para quem acredita que em algum momento vai encontrar e viver na eternidade, mas enquanto existe vida, me consome pensar e projetar o quanto preciso morrer a cada dia para algumas coisas que é evidente que me matam? A vida e a caminhada é tão plural, atraente, insignificante, sem precedentes, um espaço de instantes, uma folha em branco, agora vazia, mas em um segundo já cheia de questionamentos? Então nos deparamos com a linha divisória que nos indaga, o quanto devemos morrer para uma expectativa que já está morta e não nos produz nenhum tipo de benefício? Quanto somos, daquilo que nos é oferecido através de palavras dos outros, que tentam montar um ser insustentável, que, com certeza não tem interesse em realmente nos ajudar em nos construir, nem mesmo de estender a mão para ajudar de verdade? Mas se satisfaz em poder oferecer uma excelente e eloquente crítica de tudo que nem ele mesmo é ou será! Mas então, o quanto somos daquilo que precisamos ser realmente? Quanto temos de coragem para reagir de forma contrária a força da confortável paralisia intelectual? Aquela que impede de sentir o gosto desagradável da indisposição diante de uma contextualização ainda não vivida. Formamos opiniões sobre o que não sabemos, opiniões que nascem por ouvir meia dúzia de conceitos dos que levantam simplesmente a bandeira do contra, mesmo sem nunca ter sentido na pele a dor do outro, que na verdade, mais precisa da minha e da sua ajuda, quanto de coragem escorre entre meus dedos, quando preciso tomar conta e colocar no lugar correto o que eu sou e preciso ser? Quanto de ausência de coragem eu tenho em olhar para frente e oferecer mais um passo na direção do que me desafia? O quanto é confortável me esconder atrás da minha fantasia glamurosa, no mais nobre estilo “mas o que posso fazer?”

Paz e Rock and Roll

17/05/2018

ATÉ ONDE?!?








Até onde vai a estrada que me leva ao infinito? Que tamanho tem o vento que refresca do meu pé a minha cabeça? Qual a velocidade da minha escolha em ser grato? Qual a resistência do muro que me separa pela falta de coragem em continuar a caminhada na direção que quero e vejo? Qual a cor que penetra no meu olho, que vem da minha vontade? Qual o gosto do próximo passo que desistir de oferecer em direção ao futuro que ainda não existe e grita por ser construído? Qual a dimensão de abrir mão do meu direito legítimo? Onde vou chegar se não conheço onde é o lugar que minha mente costuma me mostrar? Quanto vale ou pra que serve uma justificativa, por não ter feito o que desistir de fazer? Não é porquê e sim, para que eu vou ser? Porque diante dos porquês é que vem à luz sobre a minha desistência de uma clara ação desprovida da coragem de assumir a alternativa que me resta.
A expectativa é a força que impulsiona a enxergar a certeza do que busco na caminhada pela estrada que estou construindo. Claro, a dor chega para todos de modo singular, sem permitir que o outro entenda, sem permitir que o outro veja o horizonte que está logo ali depois do olhar; sem permitir que o outro sinta o gosto salgado da lágrima que molha o chão desse mundo amargo, tudo é muito engraçado, muito vivo, muito dinâmico, acelerado, injusto, impróprio mas adequado, mas nem tudo é percebido por quem te observa, dentro de um único padrão da lógica imperfeita, imprudente e impotente que é o olhar simplesmente humano. Mas acredite, você não está só!!!


Paz e Rock and Roll

12/04/2018

EU PRECISO !?!







Como e quem é “os outros”? Respeito, gentileza, gratidão e tudo mais que possa criar afeição, quem sou eu no meio de tudo, no meio do nada, do barulho, da multidão, levar luz até a escuridão. Ter conhecimento não determina superioridade, para mim a simplicidade é deslumbrante, ao ponto que justificar se torna arrogante. Parece clichê, mas é fato que não somos uma ilha, não podemos e não conseguimos viver mergulhado na solidão, não podemos ser absurdamente indiferentes a nossa necessidade de oferecer e receber uma mão estendida. Não somos imunes a realidade de precisar do outro.
Quem fabricou a minha melhor roupa, que uso e ofereço aos olhos alheios, o meu deslumbre? Os outros;
Quem prepara a comida e a bebida que tenho dinheiro para pagar quantas vezes quiser? Os outros;
Quem me ensinou a ler, calcular, engenhar com tanta destreza, que me deu um título de grande destaque? Os outros;
Sou o eloquente palestrante, orador, falante, tudo que eu sei agora destilo para quem forma minha plateia. Quem é meu público? Os outros. Se não os tenho, discursaria para quem? Seria tão eloquente, tão falante para quem?
Mais um texto, mais um pouco de genialidade exposta, quem me oferece a impagável atenção? Os outros;
Quando nasci e não sabia de nada, quem cuidou de mim? Os outros;
Quando senti dor, precisei de cuidado, quem se disponibilizou para ajudar? Tudo bem, paguei, mas... quem estudou para ser quem poderia me atender e/ou resolver o que desesperadamente eu queria e precisava? Os outros;
Quando eu morrer, quem vai segurar na alça do meu caixão? Quem vai ficar com meus discos da Banda Resgate, todas as minhas coisas? Provavelmente, os outros.
Antes mesmo que você resmungue dizendo, que conseguiu tudo por sua capacidade, que você se esforçou, que estudou, que se destacou, espero que você aceite uma coisa, você só percebeu que conseguiu, se esforçou ou mesmo se destacou, porque os outros não te ofuscaram. Mas isso não é nenhum mérito, se você está pensando assim agora. Mesmo que você tenha certeza que não precisa de "outro" para ser feliz, posso te garantir que você vai precisar de "outro" para compartilhar sua felicidade. Acredito que precisamos ser e estar entre os outros, para poder atender e oferecer o melhor, para quem precisa e quer ser atendido. Talvez óbvio, talvez clichê, estilo frase de efeito para para-choque de caminhão, mas é necessário de forma imediata aceitar e reconhecer que precisamos uns dos outros.


Paz & Rock and Roll

29/03/2018

SOBRE QUEM EU VEJO






Queria escrever, falar, contar histórias sobre você, mas não existe mais tempo, é complexo te ver, tentar te entender, enquanto você ler já não existo mais, nem sei se você lembra de mim, se tem uma foto ou mesmo uma imagem minha em sua mente tão ocupada e acelerada, eu era ingênuo, você é totalmente astuto, eu era simples, você tem um monte de manias estranhas, eu era calado, você fala, acho que até demais, eu era tímido, você é um disfarce, eu ria, você quer produzir graça, eu não entendia, você quer saber de tudo até o que não te interessa, eu não me entendo com você, não sabia que você ia chegar onde você chegou, queria te perguntar como é ser tudo o que você agora é e mais o que pensam de você? Eu não projetei seus estudos, eu não projetei seus escuros, eu não projetei seus romances, eu não projetei seus sorrisos, eu não projetei o seu trabalho, eu não projetei seu estresse, quando foi que você deixou de me consultar? Quando foi que soltamos as mãos? Lá atrás tudo começou, tudo foi passando, agora somos tão diferentes, tão distantes, ah... se ao menos um dia eu tivesse a chance de sentar diante de suas retinas, ouvir sobre sua rotina, com certeza te faria algumas simples perguntas, mas não sei se nos entenderíamos, acho que não mudei tanto, mas você... como é diferente, você está em outro lugar, em outro ambiente, com outra roupa, com outras pessoas, você tem barba, você está careca, você até tem carro e um outro cachorro, você fala de dinheiro, de sucesso, de conseguir dar certo, de mudar o mundo e ainda tem tempo pra perguntar se é feliz, eu não... não tinha nada disso e tinha certeza que era feliz, você sofre, corre atrás de tudo aquilo que você já tem, mas vive dizendo que foi o que sempre quis, eu era pequeno, você é uma presença marcante e ainda diz que é diferente, eu esperava pra ficar com meus amigos, você não sente saudade, cada ano que passava eu festejava, você acha aniversario programa brega e ver a chance do falso se revelar, em noite de Réveillon eu esperava o sol nascer com os amigos na calçada, você, até mal no dia 31 passou, eu tinha pai e mãe, você não tem pra quem estender a mão, eu tinha horário pra chegar em casa, você detesta cumprir horário, se sente aprisionado, eu ia e vinha, você só sabe dizer que precisa de dinheiro senão, nem dá pra ir, eu dizia e ria, pois tudo era “zoação”, você agora discute o politicamente correto, a minha rua ainda é a mesma; as pessoas para você... não; eu tinha certeza que gostava e as pessoas gostavam de mim, já você...
Eu falava para o coração, conversava com meu cachorro lá na casa dele, no fundo do quintal, você provavelmente está expondo nossa conversa para todo mundo nessa tal internet, site, blog ou rede social. Eu sempre quis te avisar, falar com você, mas nos perdemos um do outro com o passar do tempo, não sei quando você me esqueceu, só sei que fiquei pra traz e você cresceu, claro que você não errou em tudo, mas se me ouvisse poderia ter sido melhor, não acha? Não sou arrogante, petulante, intrometido, mas se você tivesse me ouvido... Mas sempre podemos melhorar. Nosso encontro nunca vai poder acontecer, mas é simples de me ver, eu sempre vou estar aqui, eu sempre vou ser você, um pedaço da sua vida, da sua história, do seu passado, quem cresceu foi você, se agora tem que dar certo, me desculpe, mas essa parte ficou pra você.


Paz e Rock and Roll


Esse é um daqueles textos que você é inspirado a escrever quando alguém está discutindo com você e dentro dessa discussão psico-nostálgica-devaneadora-empreendedora (kkkkkkkkk claro que essa palavra louca não existe) é feita uma abordagem, do tipo: Você já pensou em escrever sobre como seria você adolescente/criança conversando com você agora? Você ainda é o mesmo?
Texto inspirado na ideia da amiga Profa.Aline Chagas.