24/01/2020

ECONOMIA DA VIDA









Penso que a nossa vida, como ela é agora,  é muito louca, frenética (acho que ninguém usa mais essa palavra não é?), muito agitada, muito depressiva, muito cara, tudo nos arranca o olho da cara, mas, o importante é satisfazer, é ter, é ter o melhor ângulo para uma boa foto, é dizer com um baita sorriso estampado no rosto “É meu”, mas será que tenho tudo que quero mesmo? Será que posso tudo? O que me fortalece? Será que tenho pagado o justo mesmo? Será que meus bônus não tem sido meus prejuízos disfarçados? Vou em busca de tudo a todo custo, não me preocupo, custe o que custar eu vou até onde quero chegar. Tudo parece uma fala determinante, forte e encorajadora... é eu sei... Mas na verdade, por detrás dessas belas e singelas mascaras, tem um custo implacável, que não vai nos aliviar, que vai nos corroer e que a melhor forma é negligenciar.

Mas, fala sério, fala pra você mesmo, a sua vida tem sido ou não mais cara do que você tem pensado ou demonstrado? Quais os custos não são colocados nas nossas planilhas tão fantasticamente elaboradas? Quais os custos que tem mais nos paralisado do que proporcionado avanços significativos? Custos que constrói nosso atual estado, que constrói nossa falta de resultados. Quanto custa mesmo esse “medo cultural” que nos paralisa? Quanto custa me importar mais com o que os outros vão pensar de mim? Quanto custa o meu cinismo, a minha descrença e meu pessimismo de cada dia que eu me dou hoje e todos os dias? Quanto custa estagnar e infertilizar minha imaginação e criatividade? Quanto custa essa demora desgraçada em decidir e agir? Quanto custa essa minha cara lavada de ficar em cima do muro sem assumir uma posição? Quanto custa tudo que comecei e nunca terminei? Quanto custa tudo que poderia ser melhor se não fosse essa minha cara de pau de fazer tudo sob urgência, na tão aclamada “ultima hora”? Quanto custa, de verdade, a falta de respeito nos relacionamentos humanos? Quanto me custa não compartilhar meus conhecimentos e ideias? Talvez não te custe nada me responder, será que essa conta vai fechar? Calcula pra mim!!!



Missinho Borges
Paz e Rock and Roll

16/01/2020

MUNDIALMENTE DESCONHECIDO






Esses dias lembrei de uma história muito vibrante, talvez você considere triste ou emocionante, ou ainda arrisque dizer, que só valorizamos as coisas ou as pessoas quando às perdemos, mas eu, quando lembro dessa história, penso que cada ação nossa muda o mundo de maneira “Micro”, mesmo quando estamos buscando o tempo todo ações e reações “Macro”. Lembrei de uma vez quando meu pai tinha retornado de um período longo no hospital, ele tinha sofrido um AVC, mas dentro daqueles dias difíceis e sofridos, o meu pai pediu para que o ajudasse (ele tinha perdido os movimentos do lado esquerdo) a leva-lo até a sala principal de nossa casa, pois lá tinha uma porta (ainda tem) que oferece uma visão direta para a rua, ele ficou ali por alguns instantes e enquanto ele observava a rua e a sua dinâmica rotineira, começou a chover, e de imediato ele começou a chorar, ao ser indagado por que chorava, ele disse que a muito não via a chuva, aquela reação, até os dias de hoje me mostra um ensinamento fantástica e ao mesmo tempo comovente. Depois de alguns anos (agora sem a presença e companhia do meu pai) fico imaginando como foi importante pra ele aquela visão, aquela sensação, aquela conexão com uma realidade simples e corriqueira, aquele momento representou para ele, talvez a certeza da vida, da continuidade, da esperança, ou mesmo o privilegio de poder e se conectar só mais uma vez com uma realidade que sempre foi comum em seu dia a dia, alguns dias depois meu pai faleceu...

Essa é uma daquelas milhares de histórias que passam debaixo do meu e do seu nariz, mas nunca oferecemos a devida importância, a devida dimensão. Talvez você leia esse texto por completo e pense, “É apenas um momento de reação emocional diante da saudade” mas, o que eu queria de verdade, era que você pudesse refletir e percebesse que, suas ações “Micro” causam verdadeiros impactos, podem mudar o mundo de uma outra pessoa, oferece uma nova perspectiva e na maioria das vezes você não percebe e talvez nunca perceba, pois ficamos presos no fato de perseguimos os grandes feitos, os efeitos “Macro” de nossas ações.

Imagina agora um músico querendo que sua música vire o hit mundial, como ele queria cantar e ouvir sua música ser cantada por milhares de vozes, como ele queria que fosse executada em rádios, na internet, enfim, que chegasse o mais longe possível, agora imagina uma pessoa que hipoteticamente mora do lado da casa desse músico e que em um determinado dia acordou, colocou seus fones de ouvido e começa a ouvir essa canção e de repente, pelo fato de estar ouvindo essa canção é envolvida em uma energia tão forte e essa pessoa toma uma decisão que vai mudar sua vida definitivamente, aquela música foi como uma injeção de ânimo, de coragem, uma verdadeira mão ajudadora, que o colocou de pé mais uma vez. Provavelmente esse musico nunca vai ficar sabendo dessa história. E você talvez está dizendo agora, aaaaah... mais isso acontece todos os dias mundo a fora... Exatamente, você está certo! Não temos ideia de como as pequenas coisas, os pequenos gestos têm importância para você mesmo e para o outro.
Não se preocupe apenas com o efeito MACRO, valorize os seus gestos mesmo que seja MICRO.  


Missinho Borges
Paz e Rock and Roll

09/01/2020

ACHO QUE TODO MUNDO TEM UM MARCO ZERO





Registo fotográfico: Élcio Luiz



Acho que todo mundo cansa;
Acho que todo mundo observa;
Acho que todo mundo percebe;
Acho que todo mundo erra;
Acho que todo mundo desiste;
Acho que todo mundo tem vontade de sumir;
Acho que todo mundo tem vontade de reencontrar;
Acho que todo mundo tem vontade de abraçar;
Acho que todo mundo quer recomeçar;
Acho que todo mundo quer começar;
Acho que todo mundo quer corrigir;
Acho que todo mundo tem ponto de chegada e de partida;
Acho que todo mundo tem um estacionamento;
Acho que todo mundo respira;
Acho que todo mundo aceita;
Acho que todo mundo parte de um ponto;
Acho que todo mundo tem um Marco Zero...

...onde tudo desmonta, remonta, reinicia, ressurge, sente um novo folego, tem uma nova conversa, se auto reconcilia, onde toda distancia é medida exatamente pelo carinho do retorno.  Há muito mais coisas na vida que a comida que vai para o estômago! Há muito mais coisas para se ver que as roupas que você usa.


*Texto inspirado no post (foto) do querido amigo Élcio Luiz, um poeta por existir!!!



Missinho Borges
Paz e Rock and Roll