19/02/2019

ENGENHARIA KIDS II






Enquanto estou sentado na sala de minha casa com a porta aberta, me chama a atenção, do outro lado da rua, em uma casa vizinha, duas crianças, que não arrisco prever suas idades, mas acredito ser bem novos. Eles brincam em uma área externa da casa, tem pouco espaço, não tem nenhum objeto ou brinquedos, eles apenas têm um ao outro, mas eles correm em todas as direções possíveis, eles gritam, eles pulam, eles riem sem parar, algumas vezes ficavam ofegantes de tamanha agitação, enquanto isso, continuadamente eu os observo ao mesmo tempo que me questiono, o que será que os deixam tão felizes? O que eles vêm que os fazem rir tanto? O que nessa brincadeira, a qual não faço ideia qual seja, é tão legal e os deixam tão agitados?
Então começo a refletir o quão inteligentes e capazes são essas crianças quando se trata da utilização eficiente de um espaço; como eles utilizam sua criatividade para fazer existir o que simplesmente pensam; como eles não tem medo do senso crítico um do outro, o quanto eles tem certeza de que se o outro não gostar da brincadeira, é só parar e iniciar outra, pois é como se eles tivessem um estoque infinito de ideias; como eles aproveitam o tempo para produzirem a satisfação própria sem abandonar a ideia de oferecer o mesmo ao outro.
Em algum momento da minha vida parei de ser autodidata como essas crianças são, atualmente ter uma ideia é como realizar um feito histórico, um evento de proporção mundial, principalmente em tempos de redes sociais, aí é que eu quero falar pra todo mundo, mostrar pra todo mundo, que EU tive uma ideia, que EU agora tenho uma chance de chamar a atenção de todos, EU agora sou uma referência, EU agora sou autoridade, EU agora estou pensando em como ganhar dinheiro como essa esplêndida ideia. Em algum momento da minha vida ganhei o título de Engenheiro, Administrador, Médico, Doutor até me chamam de Professor e foi exatamente nesse dia que parei de engenhar, pensar em alternativas sem parar, pois agora eu não posso errar, foi nesse dia que parei de administrar, pois agora tenho tempo limitado, e põe limitado nisso, para executar o que é obrigação, foi nesse dia que parei de cuidar, de salvar, de me aprofundar, de aprender, de testar, tentar de novo, pois agora tenho que ensinar, para as mesmas crianças que se divertem com a criação e a fascinante possibilidade de ter ideias, fazer com que elas entendam que as ideias agora não mais às pertencem e que elas tem que ler Guimarães Rosa, Rui Barbosa, Cecilia Meireles, Eva Furnari, elas tem que ouvir Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil. Como eu preciso daquele pequeno espaço, daquela energia alucinante, de ter coragem para assumir minhas ideias e compartilhar com quem tem coragem de estar do meu lado, com quem tem coragem de tentar e se errar não paralisar, mas mergulhar de novo no oceano da criatividade e trazer mais uma das milhares de ideais possíveis. Sempre é uma verdadeira aula de engenharia, empreendedorismo e saúde que assisto toda vez que ofereço meu tempo para observar as crianças, quando assisto esses verdadeiros engenheiros de alma livre.



Rev. Missinho
Paz e Rock and Roll


12/02/2019

É SÓ IMPRESSÃO






É impressão minha ou sempre buscamos de forma profunda, inteligente, digna e eficiente discutir a dor momentânea do dedão do pé, causada por um tropeço que aconteceu na grande e marcante cruzada dos sete mares do meu quarto para a cozinha? Enquanto a beleza de poder respirar é meramente a forma óbvia da existência.
É impressão minha ou os livros que tenho lido não me entregam as respostas que quero, não tem apresentado muito efeito ou sentido? Pois tenho me preocupado mais em encontrar uma frase que me cause o efeito “boca aberta” do que desenvolver interesse em perceber a capacidade que o outro tem de abordar sobre aquele assunto e saborear a vantagem de enxergar uma outra opinião, seja ela contrária ou que reforça a minha.
É impressão minha ou reclamamos de tudo, de todos, das situações, das dificuldades?
É impressão minha ou todos os dias escolhemos dizer que estamos assim porque o outro não nos estendeu a mão?
É impressão minha ou temos todas as respostas e somos expert em criticar, mas nunca alcançamos o caminho da satisfação plena?
É impressão minha ou todos os dias acordamos para cumprir o plano traçado de alcançar a felicidade e no fim de mais um dia, voltamos a dormir dizendo amanhã continuaremos?
É impressão minha ou não queremos aceitar que a vida não é o começo, mas sim o fim?
É impressão minha ou você está lendo esse texto e já conseguiu me criticar e dizer que estou errado, sem aceitar que é apenas um ponto de vista e que não foi escrito a partir de sua perspectiva e sim de outra pessoa?
É impressão minha ou para os que se dizem cheios da fé as vezes se pegam pensando? “Esse plano de Jesus Cristo ferrou, não deu muito certo” vou tentar ajudar um pouco, tenho bons argumentos, as pessoas vão se convencer que vale a pena.
É impressão minha ou vivemos reclamando e nada está bom e quando fica bom já está na hora de acrescentar mais alguma coisa e aí volta a não ficar bom, então voltamos a reclamar?
É impressão minha ou aceitamos que somos felizes quando ampliamos nosso egoísmo? Quando eu tenho dinheiro, quando eu tenho meu carro, quando eu tenho minha casa, quando eu e minha família estamos confortáveis, quando eu tenho meu trabalho, quando eu estou saudável, quando eu tiro minhas férias, quando eu faço a viagem dos meus sonhos, quando tenho meu tempo para relaxar. Será que não era para que eu compartilhasse a caminhada, a dor e a alegria com o outro?
É impressão minha ou meu coração só fica cheio de compaixão e responsabilidade, enquanto assisto o noticiário e o outro é soterrado, enquanto o outro é asfixiado, enquanto o outro se afogou?
É impressão minha ou só percebo a falta de amor quando preciso e não sou atendido, visto ou ajudado?
É impressão minha ou você acha que tudo que está nesse texto precisa ser repensado pelo autor, pois você não é desse jeito, então é melhor que o autor reveja seus conceitos?
Acho que não, é só impressão!


Rev. Missinho
Paz e Rock and Roll