O que pode nos separar, oferecer a ausência através
de uma perspectiva imediatista e totalmente egoísta? Imagino que a morte, vejo
a morte como um intervalo que mais parece uma eternidade, mesmo para quem
acredita que em algum momento vai encontrar e viver na eternidade, mas enquanto
existe vida, me consome pensar e projetar o quanto preciso morrer a cada dia
para algumas coisas que é evidente que me matam? A vida e a caminhada é tão
plural, atraente, insignificante, sem precedentes, um espaço de instantes, uma
folha em branco, agora vazia, mas em um segundo já cheia de questionamentos?
Então nos deparamos com a linha divisória que nos indaga, o quanto devemos
morrer para uma expectativa que já está morta e não nos produz nenhum tipo de benefício?
Quanto somos, daquilo que nos é oferecido através de palavras dos outros, que
tentam montar um ser insustentável, que, com certeza não tem interesse em realmente
nos ajudar em nos construir, nem mesmo de estender a mão para ajudar de verdade?
Mas se satisfaz em poder oferecer uma excelente e eloquente crítica de tudo que
nem ele mesmo é ou será! Mas então, o quanto somos daquilo que precisamos ser
realmente? Quanto temos de coragem para reagir de forma contrária a força da confortável
paralisia intelectual? Aquela que impede de sentir o gosto desagradável da
indisposição diante de uma contextualização ainda não vivida. Formamos opiniões
sobre o que não sabemos, opiniões que nascem por ouvir meia dúzia de conceitos dos
que levantam simplesmente a bandeira do contra, mesmo sem nunca ter sentido na
pele a dor do outro, que na verdade, mais precisa da minha e da sua ajuda,
quanto de coragem escorre entre meus dedos, quando preciso tomar conta e
colocar no lugar correto o que eu sou e preciso ser? Quanto de ausência de
coragem eu tenho em olhar para frente e oferecer mais um passo na direção do
que me desafia? O quanto é confortável me esconder atrás da minha fantasia glamurosa,
no mais nobre estilo “mas o que posso fazer?”
Paz e Rock and Roll